A administração de cálcio injetável ou de mais de 500 miligramas diárias, através de comprimidos, não é recomendada para a prevenção e ou tratamento da osteoporose na imensa maioria dos casos, pois pode aumentar o risco de problemas cardíacos. O alerta, baseado em recente macro estudo australiano, é de um dos mais renomados endocrinologistas brasileiros, Pedro Henrique Correa, da Unidade de Doenças Osteometabólicas do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Questionado pela reportagem sobre que recomendação daria aos ortopedistas para enfrentar osteoporose, cuja incidência aumenta com o envelhecimento da população brasileira, Pedro Henrique disse que 1.200 miligramas de cálcio diário é a dosagem suficiente seja para prevenção na faixa etária mais elevada, como para quem já tem a doença.
À luz das recentes pesquisas, o ideal é “uma alimentação normal de cálcio, que inclui 200 a 300 miligramas num copo de leite diário, outros 200 a 300 num iogurte também diário e outro tanto numa fatia de queijo branco ou amarelo, com 30 gramas”, afirma o especialista em metabolismo ósseo.
Essa alimentação deve ser complementada com um único comprimido diário de cálcio, que é oferecido comercialmente com cerca de 500 miligramas. E insiste “a tese de que mais comprimidos melhorariam o resultado não é correta”.
O problema é que a média da população brasileira não ingere as três fontes recomendadas diariamente, o que exige educação nutricional específica e ou campanhas como a própria Austrália está fazendo, depois de descobrir que apenas uma em cinco crianças australianas ingere a quantidade recomendada de cálcio.
O endocrinologista recomenda cuidado na administração de cálcio porque o estudo australiano (de 2010), com dois grupos, um com suplementação elevada de cálcio e outro com dieta normal de cálcio mostrou o aumento dos problemas cardiovasculares pelo excesso de cálcio, que a médio prazo pode causar sérias complicações.
Há excessões, explica Pedro Henrique Correa. Se o paciente tem intolerância aos derivados de leite, se tem alguma insuficiência renal ou fósforo sérico no limite superior, ou ainda quando passou por cirurgia ara controlar a obesidade, o caminho tem que ser outro, mas insiste que esses casos representam uma pequena minoria.
A conclusão do especialista é que embora a reposição de cálcio seja extremamente importante, deve ser feita basicamente através da alimentação, reduzindo-se ao mínimo a complementação por comprimidos.
Fonte: O QUADRIL, informativo oficial da Sociedade Brasileira de Quadril, set/2012.